Unidade 2.4 - Qual o Papel das Escolas?

Unidade 2.4

Parte 1

Assim como debatemos no Módulo 1, uma perspectiva de trabalho diretamente associada às Diretrizes da Educação Básica e à proposta da Base Nacional Comum Curricular pode ser concretizada quando concentramos os esforços em torno do desenvolvimento das competências socioemocionais. Vejamos um pouco mais sobre a relação da educação com o enfrentamento ao Cyberbullying.

 Videoaula: Educação para prevenção e combate ao Cyberbullying 13:25 min


Acreditamos que os principais papéis das escolas devem ser a sensibilização, conscientização e prevenção aos casos de Cyberbullying. Uma vez identificados entre os alunos no contexto escolar, a recomendação é que haja um protocolo claro para enfrentar o problema com medidas de mediação de conflitos e, no extremo, orientação às famílias para denúncia formal às autoridades. Dentro de seus limites, as escolas têm um papel central em:
  • 1. criar ambiente seguro e positivo
  • 2. melhorar o relacionamento entre pares
  • 3. ampliar a conscientização
  • 4. reduzir oportunidades e recompensas para os agressores
  • 5. encaminhar casos graves às autoridades
Antes de seguir para o fluxo de denúncias, vamos detalhar algumas alternativas pedagógicas. Se o papel das escolas é justamente apoiar na formação crítica dos alunos para que possam diferenciar brincadeiras de violências, não podemos deixar de pensar em estratégias que envolvam os alunos na resolução do problema. Nesse sentido, algumas estratégias diretas podem ser desenvolvidas pelos educadores e gestores:

    Ações possíveis

  • Debater o tema a partir de reflexão crítica de vídeos e textos na área de linguagens (português, inglês ou espanhol);
  • Promover uso seguro e responsável das tecnologias;
  • Envolver representantes de alunos na criação e revisão das políticas de uso das Tecnologias Digitais na Escola;
  • Elaborar relatórios periódicos sobre ocorrências e planejamento de ações no Projeto Político Pedagógico;
  • Realizar enquetes sobre tema para trabalhar conceitos matemáticos;
  • Buscar a origem e significado das palavras "empatia", "conflito" e "respeito" para então refletir sobre o que significam no mundo digital;
  • Desenvolver estratégias de mediação de conflitos com os representantes de turma e coordenação da escola para atuar também nos casos de Cyberbullying;
  • Elaborar com os alunos uma proposta de fluxo de notificação anônima para os casos de Cyberbullying que tenham implicação na convivência escolar;
  • Debater sobre as leis relacionadas e casos concretos de responsabilização das famílias e dos próprios alunos;
  • Convidar especialistas e autoridades para palestras e atividades de sensibilização.

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Parte 2

Além de envolver diretamente os alunos, trabalhar com as competências socioemocionais pode ser uma alternativa para debater o Cyberbullying nas diferentes disciplinas e em variados momentos do ano letivo. É evidente que essas competências estão relacionadas a muitos outros temas, fazendo que o Cyberbullying seja apenas um dos exemplos e situações disparadoras para refletir criticamente sobre diversidade, empatia e resolução pacífica de conflitos.
Vale destacar que há muitas abordagens diferentes em torno destas competências, algumas inclusive nem mencionam o termo especificamente e incluem as questões de empatia, emoções e convivência de forma transversal. O importante aqui é reconhecer estas outras dimensões do aprendizado para além do enfoque nos conteúdos científicos. Trabalhar essas dimensões ajuda a trabalhar os comportamentos e o contexto de violência que amparam o Cyberbullying.

Vejamos algumas reportagens sobre a importância dessas competências na educação.

 Vídeo: Desenvolvimento das habilidades socioemocionais - 4:07 min


Vídeo: Especial Competências Socioemocionais - Formar um cidadão completo - 5:17 min


O trabalho com a educação socioemocional é uma alternativa que pode contribuir no desenvolvimento integral dos alunos, estimulando a reflexão crítica suas responsabilidades e sobre suas escolhas.

 Vídeo: Especial Competências Socioemocionais - Do fundo da sala para melhor da escola - 4:09 min (Depoimento de Aluno)


Mais uma vez podemos notar o quanto a participação direta dos alunos na elaboração e execução de atividades é decisiva para promover uma cultura de paz.

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Parte 3

Um exemplo de sucesso da integração da educação socioemocional ao enfrentamento ao Cyberbullying pode ser conferido no projeto ENABLE. Este projeto, co-financiado pela União Europeia, gerou excelentes resultados no enfrentamento ao Bullying a partir de uma visão sistêmica.
  • Mais sobre Projeto ENABLE: European Network Against Bullying in Learning and Leisure Environments - (Rede Europeia contra o Bullying nos ambientes de aprendizado e de diversão). Ao trabalhar com um abordagem holística, o projeto ENABLE concentra os esforços na educação socioemocional e no protagonismo dos próprios alunos nas resoluções dos conflitos.
Um quadro resumido, elaborado pela equipe do ENABLE aponta fatores de risco e habilidades para proteção que estão relacionadas ao Bullying e ao Cyberbullying. Essa visão ampla ajuda a perceber o fenômeno complexo e suas variáveis, tanto em relação aos agressores quanto aos espectadores, vítimas, familiares e educadores. Como destacamos no início do módulo, não podemos ignorar os fatores contextuais e culturais do Cyberbullying. As ações de prevenção e enfrentamento devem levar em consideração os diferentes níveis e fatores envolvidos.


  • Fonte: Bullying in Schools: A summary of research and anti-bullying initiatives. Table 3.1. Factors encouraging and preventing bullying (p.16).







Os projetos que lidam com inovação na Educação dão cada vez mais importância às habilidades não-cognitivas no processo formativo. O trabalho com a saúde emocional e a valorização da convivência pacífica podem ajudar a lidar com muitos conflitos e violências no contexto escolar.
Vejamos mais alguns exemplos da força da educação socioemocional e seus efeitos diretos na qualidade dos relacionamentos no contexto escolar.

 Notícias

Estudantes do Ensino Médio cumprem tarefas do “Desafios do Bem”Ler


Alunos como mediadores de conflitos na escolaLer

Objetivos
Ler as notícias e relacioná-las com os fatores de proteção apresentados anteriormente. Como a educação socioemocional pode entrar no planejamento escolar?

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Parte 4

Como já indicado, o Cyberbullying não é um tema novo e as mudanças atuais decorrem dos novos formatos de propagação da violência. Na rede de Educação do Estado de São Paulo já há esforços de enfrentamento ao Bullying muito antes da instituição da Lei específica. Muitas educadoras e educadores já vêm criando estratégias e trabalhando o tema em suas unidades, reunindo esforços de diferentes áreas da escola para lidar com o problema. O desafio é seguir inovando e atualizando as estratégias que façam sentido na comunidade escolar e sejam executáveis dentro dos limites de tempo e recursos.
Antes de seguir com as sugestões de atividades a serem realizadas com os alunos, vale a leitura de materiais de apoio que ajudam a compreender o Cyberbullying e outras violências no contexto escolar.

 Leituras obrigatórias

1. Guia SaferLab para criar contra-narrativas (SaferNet)
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Descrição:
O SaferLab é um laboratório de ideias que apoia o protagonismo de jovens na criação de projetos e conteúdos que ajudam a tornar a internet um lugar com mais diálogo e respeito à diversidade. Este guia apresenta sugestões de estratégias e boas práticas que apostam no potencial das redes sociais, na criatividade da cultura da internet e nos desafios das metodologias colaborativas para estimular a produção de contranarrativas para o discurso de ódio e discriminação on-line. Mais sobre o projeto em www.saferlab.org.br



2. Campanha "Chega de Bullying: Não Fique Calado"
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Descrição:
A iniciativa “Chega de Bullying: Não Fique Calado” foi desenvolvida pela Secretaria da Educação em parceria com o canal Cartoon Network para atuar na prevenção do Bullying nas mais de cinco mil escolas da rede estadual. A campanha é realizada desde 2011 e incentiva a adoção de práticas que lidem com esse comportamento. Mais guias para professores e materiais para os alunos disponíveis para download aqui.

3. Guia Prático para Educadores: Diálogos e Mediação de Conflitos nas Escolas (pp. 09 a 35 - Cap. 1, 2 e 3 - 26 páginas - Tempo de Leitura - 50 min)
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Descrição:
"Guia Prático para Educadores", elaborado pelo Conselho Nacional do Ministério Público para estimular o debate junto aos alunos do Ensino Médio de todo o país, em torno do respeito e dos direitos e deveres dos jovens. Roteiros de aula e vasto material sobre mediação de conflitos entre jovens pensado para ser aplicado no cotidiano dos professores. Dentre outros temas, este material é de extrema relevância para instituir práticas de mediação de conflitos relacionadas aos casos de Cyberbullying.
Agora que já insistimos na importância da educação socioemocional e na mediação de conflitos como alternativas para enfrentar e prevenir o Cyberbullying, vejamos alguns exemplos de recursos disponíveis para os educadores. Os materiais abaixo podem ser usados diretamente no planejamento de ações escolares ou para inspirar a criação de novas atividades e projetos. Leia as atividades e pense nas alternativas que parecem mais adequadas a sua realidade.

Sugestões de Atividades

  • “A Web que Queremos” para Educadores

    Planos de aula do Guia “A Web que Queremos” para Educadores. Leia as propostas e tente aplicar com seus alunos. Para debater o tema Cyberbullying, sugerimos as atividades:
    3.3 - Se comportando de forma apropriada (pp.33 e 35);
    4.1Minha (real) identidade (pp. 36 a 38);
    4.2: Será que temos uma identidade múltipla? (pp. 39 a 42).
  • Diálogos e Mediação de Conflitos nas Escolas

    Sugerimos a realização das Atividades dos Capítulos 1, 2 e 3, dirigindo o foco para situações de Bullying e Cyberbullying.

Sugestões de Atividades

“Infográfico combate ao Bullying (SaferNet)"

  • Infográfico que aponta os diferentes papéis possíveis em uma situação de Bullying, convidando os alunos a seguir as linhas de cada personagem para que visualizem as alternativas de ajuda, denúncia e reação positiva quando presenciarem alguma situação de bullying digital. Os alunos podem ser convidados a criar novas trilhas com mais dicas e orientações para cada tipo de postura (testemunha, agressor, vítima).

 


 Leitura Extra (Opcional) 

1. Bullying Homofóbico e Desempenho Escolar – Dados de Pesquisas e Propostas de Enfrentamento
Ler

Descrição:
Material dirigido a alunos e professores visando subsidiar ações, práticas e políticas de enfrentamento do Bullying homofóbico. É parte de uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos sobre Preconceito do Instituto de Psicologia da USP. Apresenta breve percurso histórico sobre diversidades de orientações sexuais e propõe meios de enfrentamento do fenômeno do Bullying homofóbico.

2. Guia do professor - Programa de prevenção ao Bullying e Cyberbullying - OAB SP
Ler

Descrição:
Comentários e esclarecimentos jurídicos sobre a Lei Nº 13.185 de 2015 que Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying).

Sugestões de Atividades

  • “Currículo Seja Incrível (Google)"

    Currículo de Segurança On-line e Cidadania Digital elaborado pelo Google oferece aos educadores as ferramentas e métodos necessários para ensinar princípios básicos relacionados a esses tópicos em sala de aula. Os planos de aula destacam ensinamentos essenciais, que permitem aos educadores preparar os alunos para serem cidadãos bem-sucedidos que saibam cuidar da própria segurança em um mundo cada vez mais conectado. As lições são mais adequadas para alunos entre o 3º e o 6º ano, mas educadores de alunos acima ou abaixo dessa faixa etária também podem tirar proveito do programa, adaptando os recursos.
  • Jogo Interland – Seja Incrível (Google)

    Em complemento às lições do Currículo Seja Incrível, vale conhecer o jogo Interland, um jogo de aventura on-line que ensina sobre cidadania e segurança digital de modo interativo e divertido (como a Internet).





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