Unidade 2.1 - O Que é Cyberbullying? Atores e Sinais

Unidade 2.1

Parte 1

 Videoaula: Cyberbullying 8:57 min



Nos últimos anos o Cyberbullying tem sido um tema recorrente em reportagens publicadas na imprensa e também no cotidiano escolar. Para que possamos ter clareza sobre esse fenômeno, é sempre bom termos uma definição mais clara sobre ele.

Cyberbullying

Definição: A palavra Bullying é derivada de outro termo em inglês, "bully", que significa tirano, valente, truculento. Bullying representa uma relação de intimidação, de supremacia e controle de uma pessoa ou grupo sobre um indivíduo, buscando produzir a ideia de que há algo de errado ou inferior com a vítima, desqualificando-a e humilhando-a de maneira repetitiva e sistemática. Ele pode ocorrer por meio de agressões físicas, roubo de pertences, lanche ou brinquedos, isolamento em atividades coletivas, piadas e apelidos discriminatórios.
Cyberbullying é a modalidade virtual do Bullying, que é identificado pelas intimidações repetitivas entre crianças e adolescentes, mas com características próprias, pois tem um efeito multiplicador e de grandes proporções quando acontece na Internet. Na modalidade digital, as ferramentas tecnológicas (celulares e câmeras fotográficas, por exemplo) e os ambientes das redes e aplicativos sociais servem para produzir, veicular e disseminar conteúdos de insulto, humilhação e violência psicológica que provocam intimidação e constrangimento das crianças e adolescentes envolvidos.
O Cyberbullying diferencia-se das brincadeiras e brigas comuns entre crianças e adolescentes por ser uma prática repetitiva que gera uma discriminação permanente, podendo comprometer a socialização e a auto-estima das vítimas por toda a vida.

    Esta lei institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território nacional.
  • Art. 1º § 1º “No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.”
  • Art. 2º § 1º Caracteriza-se a intimidação sistemática (bullying) quando há violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda: I - ataques físicos; II - insultos pessoais; III - comentários sistemáticos e apelidos pejorativos; IV - ameaças por quaisquer meios; V - grafites depreciativos; VI - expressões preconceituosas; VII - isolamento social consciente e premeditado; VIII - pilhérias.
    Parágrafo único“Há intimidação sistemática na rede mundial de computadores (cyberbullying), quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial.”

  • Fonte: Lei nº 13.185 / 2015
    Texto integral da Lei
Podemos enfatizar três aspectos centrais que caracterizam tanto o Bullying quanto o Cyberbullying:
  • Comportamento intencional de perturbar, intimidar e/ou agredir;
  • Repetição ao longo do tempo;
  • Desequilíbrio de poder;
  Trata-se de um problema mundial, muitas vezes subestimado pelos adultos quando encarado como uma “brincadeira de crianças” ou “zoeiras normais”. Cyberbullying não é brincadeira. Só existe brincadeira quando todos os envolvidos se divertem. Quando há uma relação desigual de poder, em que uns se divertem e outros sofrem e são maltratados, é preciso que os adultos tomem uma providência.
O Cyberbullying não é um problema entre duas pessoas ou apenas entre agressores e vítimas. Uma visão sistêmica sobre o fenômeno nos ajuda a perceber e compreender suas manifestações complexas. Ele envolve não apenas as pessoas, mas sempre tem um contexto e está relacionado a valores, a normas e à cultura do local no qual ocorre.

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Parte 2

Dando prosseguimento a uma abordagem mais geral, vejamos os atores que precisam ser reconhecidos nos casos de Cyberbullying:

Atores


  • Agressores (pessoas ou grupos);

  • Vítimas (pessoas ou grupos);

  • Mediadores (agressores ou defensores);

  • Espectadores / Testemunhas (ativos ou passivos);
Ao buscarem reconhecimento, validação social e exercício de poder, os agressores dependem dos espectadores para que tenham algum retorno com relação à prática dessa violência. Há espectadores que participam ativamente curtindo, compartilhando e disseminando as humilhações e intimidações às vítimas, e existe o grupo de espectadores mais passivos que apenas assistem sem reagir, seja por medo ou por aceitarem a situação. Todos eles são atores diretamente envolvidos e que precisam ser sensibilizados, pois conquistar a validação social e/ou intimidar os espectadores são algumas das principais motivações dos agressores.
Os mediadores podem ser considerados aqueles que participam colaborando indiretamente na produção das ofensas e agressões, estimulando, dando insumos, criando conteúdos que são usados diretamente pelos agressores. Há também situações de mediação em defesa da vítima, com intervenções que visam interromper a violência ou buscar ajuda, denunciando nos sites, apagando os conteúdos, mobilizando os colegas para não participar e desestimulando a replicação das humilhações.
Como o problema está ligado diretamente a uma dinâmica de relacionamentos interpessoais e a um contexto de interações, vítimas e agressores não são papéis estanques. Algumas vítimas podem ter atuado como agressoras e agressores podem ter sofrido violências semelhantes no passado ou mesmo no presente, em outro contexto. A mudança nos papéis, caso a caso, exige que tenhamos sempre um olhar cuidadoso para não personalizar as situações.

Alerta

Não podemos ignorar a existência do chamado Self-Cyberbullying (auto-Cyberbullying), um fenômeno sério e que também sinaliza necessidade de ajuda e intervenção. Ele ocorre quando a própria criança ou adolescente cria conteúdos depreciativos sobre si nas redes e aplicativos digitais. Apesar de menos comum, também surge com certa frequência e pode estar associado a quadros de auto-depreciação ou a tentativas de testar a posição social entre pares, avaliando as impressões que os grupos possuem.
Ao reconhecer essa dinâmica complexa, as intervenções dos educadores, e mesmo das famílias, podem ser mais eficientes quando atuam nas referências que as crianças e adolescentes usam para seus relacionamentos interpessoais. Trabalhar com as habilidades individuais e coletivas para gerenciar conflitos, lidar com as frustrações, controlar a agressividade, desenvolver empatia e reconhecer suas próprias emoções são caminhos mais complexos, porém mais eficientes para prevenção de novos casos. Mais adiante, trataremos da importância da educação socioemocional como uma das estratégias de prevenção e enfrentamento ao Cyberbullying.

Brincadeira ≠ Violência

Como vimos, diferenciar Brincadeira de Violência é um dos maiores desafios, especialmente nos casos de Cyberbullying. Precisamos sensibilizar nosso olhar para conseguirmos diferenciar situações pontuais de brincadeiras violentas ("zoeiras"), violência pontual e agressões sistemáticas que efetivamente se enquadram como Cyberbullying.
Brincadeiras violentas: é necessário frisar que há situações em que o tipo de brincadeira está no limiar da expressão da agressividade entre pares. Por mais que sejam repreensíveis pelos adultos, ou mesmo proibidas nos ambientes escolares, há situações que podem ser consideradas apenas brincadeiras quando a resposta é sim para as perguntas:
  • Todos estão se divertindo e gostando da brincadeira?

  • A brincadeira tem começo, meio e fim?

  • Todos têm o mesmo poder para escolher participar ou não?

  • Há regras e todos são iguais diante dos limites estabelecidos?

Se a resposta a uma dessas questões é não, podemos dizer que não se trata mais de uma brincadeira e sim de uma violência. Nesse caso, precisamos seguir com outras perguntas:
  • Essa situação foi pontual?

  • As mesmas pessoas são constantemente alvo das "zoeiras" e agressões?

  • São alvos mesmo sem querer participar da brincadeira?

Em algumas situações, a agressão, a humilhação ou a intimidação ocorre de forma isolada. Nesses casos podemos considerar que não há um caráter sistemático e repetitivo, mas uma violência pontual. Mesmo esse tipo de violência precisa ser rigorosamente tratado pelas escolas e familiares, podendo gerar um conjunto de responsabilizações.
Na Internet, um dos complicadores é justamente a dificuldade de algo ser pontual, pois uma vez no formato digital, mesmo uma brincadeira fora de contexto pode se multiplicar, persistir no tempo e atingir uma grande audiência rapidamente (“viralizar”), gerando intimidação e humilhação de grande intensidade, caracterizando Cyberbullying.
Ainda que sejam violências e precisem ser tratadas com seriedade, não são exatamente Cyberbullying situações de:
  • Episódio único de rejeição ou desagrado

  •  Ato isolado de desrespeito ou aborrecimento

  • Agressão ou intimidação aleatória

  • Episódio de briga ou desentendimento mútuo
O fato de identificarmos uma brincadeira violenta como diferente do Cyberbullying não diminui a gravidade dos fatos e a necessidade de intervenção, porém ajuda a pensar em respostas que sejam proporcionais e adequadas a cada caso. Devemos sempre buscar um caminho de resolução pacífica dos conflitos para que haja algum aprendizado e não apenas punições aos envolvidos.

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Parte 3

Para refletir...

Ao mesmo tempo em que alguns ignoram a carga de violência em algumas situações de brincadeiras, outros podem não perceber a capacidade de autoregulação e a autonomia de adolescentes para estabelecer regras nas interações entre pares. O mais importante é estar sensível às particularidades de cada situação e reagir de maneira proporcional a cada caso.

Vejamos algumas notícias de casos emblemáticos de Cyberbullying e que podem ajudar a provocar uma reflexão com os alunos nas escolas.
Objetivo
Reflita sobre a importância de analisar o contexto de uso, o tipo de conteúdo e os relacionamentos desenvolvidos com as tecnologias. Apenas as horas de uso diário não nos dizem muito sobre a qualidade deste uso.
Geração digital: em busca de likes (EBC)Ler

 Vídeo: Geração digital em busca de likes 15 min


Fonte: AVA - SED/SC.

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